sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Patetice Surreal!

Era madrugada. O quarto estava frio, gostoso. Dei uma espreguiçadinha serena, abri os olhos despretensiosa. Nada poderia me atingir naquela hora, naquele lugar sagrado, cenário quase bucólico.
A tv estava ligada, o som me fez despertar. O noticiário falava algo sobre vestido rosa, universidade, alunos furiosos, escolta policial ... observei por alguns segundos, devia ainda estar dormindo. Às vezes sonho que estou acordada.
Estudantes gritavam, xingavam, se debatiam, agiam com brutalidade, como animais irracionais. Era isso mesmo que presenciava? Atos bárbaros de intolerância nos corredores de uma Universidade? A cena parecia cada vez mais surreal.
De repente as cores ao meu redor tomaram outras nuances. O ar tranquilo deu lugar a uma respiração ofegante, indignada, furiosa. Fui atingida, estava ferida e as lágrimas caiam dos olhos.
Lamentei por aquela jovem que fora humilhada. Lamentei pelas mulheres que são diariamente violentadas. Lamentei por aquelAs que se acham no direito de julgar a outra, donas da verdade imaculada. Lamentei por mães e filhas, professoras, faxineiras, médicas, louras, índias, negras, amarelas, castas, putas ... lamentei por mim, pelo ser humano.
Lamentei por perceber como o coro da hipocrisia, da covardia, de "maria vai com as outras" se faz uníssono e "CONTENTE". Difícil de ser desafinado. Parceiro da mediocridade é patife e se regozija quando consegue, de alguma forma (seja através de um vestidos rubros ou opção sexual ...), desmerecer o “outro”. Crê que assim sua máscara estará segura, sua feiura não será desvendada. Pícaro, age por comodidade, ou simplesmente por não acreditar ser capaz de realizar algo relevante, merecedor, por si só, de algum respeito ou aplauso.
Hoje vou dormir com uma vergonha danada de ser bicho gente!